segunda-feira, 30 de novembro de 2009

HERMIONE, BELLA SWAN E O MACHISMO


Machismo não é um tema novo, embora seja atual. Recentemente, uma série voltada para o público jovem feminino reeditou o velho roteiro dos contos de fada que exploram a fragilidade feminina.
Estamos falando de Crepúsculo, é claro. A série conta a história de amor entre uma garota tímida e um vampiro super-poderoso.

Ao criar a personagem Bella, Stephenie Meyer deixou psicólogos em alerta sobre a influência dos ícones da literatura na formação da personalidade juvenil.

Do outro lado, temos a bruxa Hermione, personagem da saga Harry Potter, da autoria de J. K. Rowling. Embora não seja protagonista, ela tem papel de destaque no desenrolar da trama.

Pensei em confrontar rapidamente as duas personagens e verificar como as autoras desses dois grandes sucessos editoriais tratam suas principais figuras femininas.



Bella Swan, filha de pais divorciados, é uma adolescente reservada. Ao longo da história, demonstra-se frágil e sempre inclinada a sofrer acidentes.

Ela cria um forte laço de dependência com o vampiro Edward Cullen, pelo qual declara amor num intervalo curtíssimo de tempo.

A garota não poderia viver sem ele. Contrastando com a figura desajeitada de Bella, temos o Edward. Ele acumula um catatau de qualidades: é belo, rico, ágil e forte. É o cara perfeito.

Ele preenche cada lacuna dos mais profundos requisitos para príncipe encantado. E é justamente nesse contraste entre Bella e Edward que mora o perigo.

Examinando as disparidades entre os dois, enxergamos como a protagonista é uma figura indefesa e necessitada da forte figura patriarcal de Edward.

Para ilustrar essa dependência, podemos citar o episódio em que ela foi capaz de pôr a própria vida em risco apenas para ter alucinações com o amado.

A autoridade do vampiro sobre a jovem fica expressa, por exemplo, no caso em que ele vandaliza o caminhão da mesma para impossibilitá-la de visitar o amigo Jacob.



Hermione Granger é uma garota que ama bibliotecas. Não faz bem o tipo bonitona, já que têm os cabelos absurdamente cheios e é um tanto dentuça.

Apesar de não ser a figura central da série Harry Potter, Hermione tem um papel decisivo na solução dos desafios que surgem ao longo da história, sempre decifrando ou indicando as pistas que levam à solução dos mistérios.
Ela tem um talento excepcional na realização de feitiços e tira ótimas notas na escola. Hermione se apaixona pelo amigo e companheiro de aventuras Rony Weasley. Apesar disso, não demonstra dependência à figura do amado.
Na verdade, Rony e Harry é que demonstram depender dela em vários momentos da série, tanto no que diz respeito aos trabalhos acadêmicos quanto na realidade prática, quando a bruxa executa feitiços extremamente úteis e muitas vezes desconhecidos dos garotos.
Desde pequenas, as garotas são acostumadas a ouvir histórias em que princesas são resgatadas por príncipes corajosos.
É impressionante o alcance que os romances têm na formação dos valores da sociedade.
Com base nessa influência, psicólogos têm chamado atenção para o relacionamento entre Bella e Edward, onde há uma dose excessiva de dependência, o que estimularia a formação de relacionamentos amorosos doentios, onde um parceiro não pode viver sem a companhia do outro.

Organizações feministas criticaram a maneira como Stephenie Meyer retrata a figura feminina, deixando-a ora dependente de Edward, ora dependente do lobisomem Jacob.

É preciso que estejamos atentos para as mensagens que livros e filmes estão nos transmitindo.

Em Os Contos de Beedle, o Bardo, Joanne Rowling tece uma pequena crítica às fábulas trouxas (não-bruxas) em que as mulheres esperam que “alguém lhes devolva o sapatinho perdido”.
Segundo ela, as bruxas retratadas nas histórias de Beedle “são muito mais ativas quando se trata de partir em busca da fortuna do que as heroínas dos nossos contos de fadas”. Elas “são mulheres que tomam o destino em suas próprias mãos”, diz a autora.(...)


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